A vantagem competitiva é obtida através do desenvolvimento de inovações. Joseph Schumpeter usou o termo “destruição criativa” para novas fontes de vantagem competitiva que ultrapassam aquelas já estabelecidas. Uma das maiores molas propulsoras das economias é a inovação. É através dela que se pode melhorar a vida das pessoas e atender aos consumidores de forma mais rápida e eficiente. As empresas nascentes, startups, no geral, estão em busca de escalar um modelo de negócios inovador e tentam estabelecer uma parceria com grandes empresas para obter auxílio no processo de conquistar mercado. E, no momento que a inovação começa a dar resultado ocorrem as primeiras rupturas no relacionamento entre esses agentes. O campo de batalha, pelo poder de mercado, seria uma forma de dominação e domesticação das startup pelas grandes corporações? Atualmente, as grandes corporações também buscam aumentar a vantagem competitiva antes que os concorrentes através de investimento em inovação. O processo iterativo de tentativa de ideias inovadoras e descobrindo quais soluções são atraentes para os clientes é difícil de realizar em uma cultura corporativa tradicional. A IBM, por exemplo, entrou no negócio de computadores pessoais em 1981. Em contraste com sua própria história e cultura de integração vertical, a IBM seguiu e estendeu o modelo da Apple de construção de uma comunidade de apoiadores. E desta forma, propiciou a entrada de pequenas empresas como Microsoft e Intel que seriam gigantes em seus mercados tempos depois. Ao final de um projeto de sucesso entre esses agentes, a startup é adquirida pelas corporações ou consegue escalar o modelo e virar uma gigante de mercado? As grandes corporações tentam manter seu monopólio de mercado e montar um ecossistema próprio como tem feito a Magazine Luiza. Para startups restam ser incorporadas por esses ecossistemas ou pelas indústrias farmacêuticas, que compram as biotechs, para proteger seus lucros, otimizando a inovação de produtos e processos. Existem algumas características que são predominantes para ter uma evolução saudável no relacionamento entre os agentes? Neste contexto, o presente trabalho buscou entender como ocorre essa relação entre as corporações e startups através de uma pesquisa qualitativa exploratória com 18 empreendedores, por meio de protocolo estruturado, baseado na Revisão Sistemática de Literatura (RSL). Os dados foram compilados e feita uma análise de conteúdo, seguindo a metodologia de Bardin (1977) e com o auxílio do software Iramuteq. A finalidade da pesquisa foi entender se as modificações e adaptações das relações entre startups e corporações, com as suas cocriações de modelos de negócios, caraterísticas e formas, garantem a perpetuidade dessas empresas no ecossistema de inovação através de um processo evolutivo. Os resultados provenientes das entrevistas demonstram que startups buscam validar o seu modelo de negócios através da colaboração das grandes empresas, mas enfrentam algumas barreiras nesse processo. Tanto os pilares estratégicos como os ganhos oriundos dos projetos de inovação não são aproveitados pelas corporações devido a essas barreiras. E, em alguns casos, a relação termina na aquisição da startup pela corporação, porém quando incorporada pela grande empresa, a tecnologia é descontinuada pelas corporações.